A TSU dos Passos perdidos
O Passos falou sobre 2013 e eu ainda estou confuso, nada esclarecido e abismado.
Apesar do acórdão do tribunal constitucional, manteve a inconstitucionalidade sobre os reformados.
Para a função pública fez questão que estes trabalhadores tivessem o mesmo valor de 2012 no recibo de vencimento de 2013. Até o ato de dividir um dos subsídios por 12 que vai ser absorvido pelo aumento da TSU, parece indicar um finca-pé com o tribunal constitucional, típico dos déspotas que querem, podem e mandam. Resta saber como vai fazer o crédito fiscal (devolução) em sede de IRS para proteger os trabalhadores com rendimentos mais baixos do agravamento da TSU para 18%. Os trabalhadores da função pública que recebem menos de 600 e não eram penalizados nos subsídios vão ver reduzida a sua taxa de IRS? Ou vão receber um ano e meio depois de descontarem?
Foi a ação fiscal sobre os trabalhadores do privado aquilo que mais me surpreendeu. Retirou um ordenado a estes trabalhadores, não para atenuar um défice que não consegue alcançar, mas sim para entregar aos patrões do privado. Desse ordenado que os trabalhadores do privado vão perder, apenas 18% é para o estado, ou seja, apenas 5 dias dos 30 dias do salário retirado.
A realidade portuguesa diz-nos que 99,9% do tecido empresarial nacional são PME´s e empregam em média 2,63 trabalhadores, as grandes empresas empregam em média 700 trabalhadores (dados do INE ano de 2010). O ordenado médio em 2010 era de 777€.
Se as empresas poupam 5,75% de TSU, considerando o ordenado médio e os números de trabalhadores médios nas PME, podemos afirmar que esta medida origina uma poupança média de 117 € mensais por PME. Este valor de 117 € não chega para pagar a nova TSU (18% - 139,86 €) do novo trabalhador admitido com o salário médio de 777 €. É esta a grande medida para reduzir o desemprego? É este o grande estímulo para 99,9% do tecido empresarial português?
Agora considerem a EDP, não direi privatizada mas sim transferida do Estado português para o Estado chinês, onde o presidente aufere mais salário que o Bill Gates e o grande amigo Catroga foi fazer pela vida, além de empregar sobrinhas-netas.
Segundo o relatório de contas de 2010 da EDP, os 12.131 trabalhadores representaram um custo de pessoal de 570 milhões de euros, ou seja um ordenado anual médio de 46.987 €, e uma média mensal (14 meses) de 3.356 €. Aquelas palavras do Passos Coelho na última 6ª feira representam uma poupança de 32,78 milhões de euros de TSU em 2013 para a EDP.
Tendo em conta os ordenados médios da EDP, a poupança da TSU investida em postos de trabalho implica a contratação de 698 novos trabalhadores.
Aposto que em 2013 a EDP vai reduzir o seu número de trabalhadores.
Assim se vai destruindo um país e a vida de muitos que por destino aqui vieram parar.
Ninguém aplica uma medida destas pelas razões evocadas, as razões para esta medida está naqueles que realmente mandam nos nossos governantes e deputados. Vamos ver como se comportam os mercados e quanto vão ganhar os acionistas da EDP, Galp, etc. com a TSU do Passos Coelho.
Mário Sá Pereira | 7 de Setembro de 2012
